domingo, 28 de março de 2010

MORREU JOSÉ ANTUNES (1937/2010) – IN MEMORIAM


Quando morre um autor português de banda desenhada – ainda para mais, também designer gráfico – não podemos ficar indiferentes, não só porque desaparece uma pessoa que estimamos, como, no caso de José Antunes, a banda desenhada que se faz neste país, perde mais um dos seus veteranos. Portanto a única coisa que podemos fazer é recordar o seu trabalho, a sua obra, a sua vida. É o que faremos neste post:

José Antunes nasceu em 1937, e frequentou a Escola António Arroio onde teve como mestres João Rodrigues Alves, Estrela Faria, Júlio Santos e Abel Manta, entre outros.

Teve uma primeira colaboração com a Agência Portuguesa de Revistas no Outono de 1954 por indicação de Mestre Rodrigues Alves, seu professor na Escola António Arroio. O seu primeiro trabalho foi um anúncio ao semanário Dez Minutos.


Em Maio de 1955 estreia-se na banda desenhada com as duas últimas pranchas da história "Os planos do submarino atómico" publicadas nos nºs 300 e 301 do Mundo de Aventuras. Realiza posteriormente diversas capas para essa revista e desenha mais algumas histórias em BD: "Geraldo Sem Pavor" e "Martim de Freitas" em 1956; "Trinca-Fortes" (uma biografia romanceada de Camões) e "As Lições do Tonecas" constituída por histórias curtas segundo guiões de José de Oliveira Cosme, em 1957; e Tony Tormenta, em que narra as aventuras de um novo personagem que ele próprio imaginou, em 1958.

Durante os últimos anos da década foi, com Carlos Alberto Santos, José Manuel Soares e José Batista, um dos quatro artistas principais da Agência Portuguesa de Revistas.



No campo das colecções de cromos desenhou, durante este período, originais para História Universal, que foi completada em parceria com Carlos Alberto Santos. Apesar de anunciada em 1959 e de novo em 1962 esta colecção não chegou a ser publicada.

Também desenhou alguns cromos para Álbum de Adivinhas, que não chegou a completar. Uma colecção equivalente desenhada por Júlio Amaro foi publicada em Outubro de 1968 sob o nome Figuras e Monumentos Nacionais.

Num dos episódios mais curiosos da sua carreira protagonizou, em finais de 1959, "Casamento por Anúncio", a primeira fotonovela realizada em Portugal, mas pouco tempo depois abandonou a Agência Portuguesa de Revistas para trabalhar como freelancer. Um dos seus últimos trabalhos para a editora foi a ilustração de um livro infantil da Colecção Era Uma Vez ("Era uma vez uma cabrinha" de Alice Ogando) publicado em 1960.




Em 1968 ilustrou para o Journal Tintin de Bruxelas a história “Maître Biber”. Uma segunda história, encomendada pela mesma revista, ficou inacabada devido às insuficiências da documentação fornecida pela redacção.

Também em Espanha, Jugoslávia e Angola foram publicados trabalhos seus. Como ilustrador e cartoonista colaborou em publicações como Colecção Salgari, Sempre-Fixe, Diário de Lisboa, Cara Alegre, A Chucha, O Cágado, Parada da Parodia, Antena, Plateia, Pisca-Pisca, Fungága da Bicharada, etc...

Foi responsável pelo grafismo de algumas destas revistas, bem como das editoras Verbo, Pública e Circulo de Leitores (onde foi, durante vários anos director artístico). Colaborou como ilustrador e designer gráfico com agências de publicidade como Sonarte, Thibaud, Insignia, Grafidec e McCann Erickson.
É autor de capas de discos, cartazes, catálogos, folhetos e ilustrações para livros.
A sua actividade principal tem sido, ao longo dos anos, a criação de centenas de capas de livros e ilustrações para as editoras Verbo, Bertrand, Ática, Romano Torres, Didática, Ulisseia, Pórtico, Sel, Publica, Zenite, Temas da Actualidade, Temas e Debates, Estampa, Círculo de Leitores e Texto Editores.

Foi homenageado no 14º Salão Moura BD, em 2004, tendo sido nessa altura compiladas algumas bandas desenhadas suas e publicadas no nº 5 da Colecção Cadernos Moura BD, cujo grafismo reformulou.




Recordar AQUI no arquivo do Kuentro, o nosso post de 25 de Novembro de 2004: José Antunes no 14º Salão Moura BD.
A seguir à sessão de entrega dos prémios desse Salão, o grupo "invasor" ido de Lisboa, foi jantar, com Carlos Rico (organizador do Salão), ao restaurante A CAVE. Aqui ficam duas fotos desse jantar, onde se podem ver José Antunes e família, e a foto de "quase" conjunto para o brinde final:



O seu último trabalho em banda desenhada terá sido “A Lenda da Moura Salúquia” publicado no livro colectivo “Salúquia – A Lenda de Moura em Banda Desenhada”, editado em Junho de 2009 pela Câmara Municipal de Moura.




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3 comentários:

  1. "a única coisa que podemos fazer é recordar o seu trabalho, a sua obra, a sua vida"

    --- Não é a única coisa. Podemos também rezar pela sua alma. E que "requiescat in pace".

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  2. RECORDANDO JOSÉ GOMES ANTUNES: OLIVENÇA, (década de 1960)por José Gomes Antunes, autor de Banda Desenhada, 1937-2010

    (MAIS NOTÍCIAS SOBRE A MORTE DO HOMEM QUE IA FAZER UMA BANDA DESENHADA SOBRE OLIVENÇA,
    ACORDADO EM 14 de Janeiro de 2010, Almoço Anual, Moisés, Lisboa)
    OLIVENÇA, por José Gomes Antunes, autor de Banda Desenhada, 1937-2010

    ÁLBUM ILUSTRADO DE PORTUGAL (década de 1960)(uma página por localidade)
    OLIVENÇA TERRA DA SAUDADE
    (por José Gomes Antunes, autor de Banda Desenhada, 1937-2010)
    Embora indevidamente na posse de Espanha - Olivença continua a ser, por todos os
    motivos terra portuguesa. Por isso lhe chamamos, e muito justamente, «terra da saudade.
    Porque fora da Mãe Pátria, onde tem o seu lugar entre as outras terras de Portugal,
    Olivença representa para todos uma saudade bem viva e presente e constante, enquanto a
    nação espanhola, com a sua fidalguia habitual não nos devolver o que nos pertence,
    cumprindo aliás o que ficou estipulado no Tratado de Viena de 9 de Maio de 1817 (ERRO:
    1815). Em Lisboa existe o Grupo «Amigos de Olivença» que mantém a chama sagrada dessa
    saudade, lutando espiritualmente pelo regresso de Olivença à Pátria Portuguesa.
    (cinco fotografias: IMAGEM DO ALENTEJO (panorâmica geral)(«Bem expressiva e verdadeira,
    no seu aspecto geral, OLIVENÇA mantém indiscutìvelmente os seus traços de terra
    castiçamente alentejana e portuguesa»); GENTE DA NOSSA TERRA (Carreira/Romón y Cajal)(«Os
    Oliventinos são, também, por índole e por temperamento, autênticos alentejanos e
    portugueses. E, apesar de todas as dificuldades, conservam-se fiéis à mãe Pátria); VELHAS
    MURALHAS (muralha dionisina)(« Heróicas e altaneiras, a lembrar o nome de Portugal e seus
    feitos gloriosos a cada passo. Desde 1228, em qe os Templários a conquistaram aos mouros,
    OLIVENÇA é portuguesa»); A PORTA DO CALVÁRIO («Verdadeira relíquia da História de
    Portugal, foi construída no Reinado de D. João IV e ainda hoje possui as Armas do Rei
    Restaurador»); A PONTE DA AJUDA («Traço de união entre Elvas e OLIVENÇA, que o mesmo é
    dizer-se abraço firme e constante de Portugal à sua filha OLIVENÇA, Terra da Saudade»)

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  3. Paz à sua alma.

    Esta foi uma boa evocação. Deu para recordar coisas de que já nem nos lembrávamos.

    Recordo a boa disposição habitual de José Antunes na Tertúlia BD de Lisboa, quando aparecia, de quando em quando.

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