terça-feira, 13 de abril de 2010

BDpress #124 – DOSE DUPLA DE ARMANDO CORRÊA NO ALENTEJO POPULAR, COM MAIS DUAS PRANCHAS DE “O ÚLTIMO COMBATE” DE VASSALO DE MIRANDA.

O Luíz Beira (aka Armando Corrêa) enviou-me uma série de fotocópias de páginas com as suas colaborações, tanto para o Alentejo Popular, como para o Diário do Alentejo, para me mostrar que não escreve só sobre livros de BD francófonos, mas também sobre os portugueses que lhe chegarem às mãos. OK! Fica aqui a ressalva e como há nas ditas fotocópias matéria com interesse, de vez em quando vou aqui enfiando algumas, mesmo com datas bastante atrasadas. Aliás as páginas que posto hoje são de 18 e de 25 de Março, sendo que a primeira delas, onde fala de Alix, coincide (mais ou menos) com a saída do primeiro álbum da colecção ALIX do Público/ASA.


Alentejo Popular - 18 de Março de 2010

através da banda desenhada

Coordenação de Armando Corrêa


SUA EXCELÊNCIA O HERÓI-BD: ALIX

A 16 de Setembro de 1948, na revista belga «Tintin», surgiu a primeira prancha do herói-série Alix, a obra máxima e por excelência de mestre Jacques Martin (25/09/1921-21/01/2010).

Muita Banda Desenhada realista tem sido criada localizando-se nos tempos do Império Romano, mas a série Alix é talvez a mais popular de entre todas, contando agora com 28 álbuns, havendo alguns, extras mas alusivos, a que poderemos chamar de «edições satélites». Os 19 primeiros foram publicados em português pelas Edições 70. Depois, foi a Asa que ganhou os direitos, tendo publicado já, sem a devida ordem cronológica (!!!) quatro álbuns. Ainda no nosso idioma, nove narrativas foram publicadas na extinta edição portuguesa da revista «Tintin».

Na edição original, os 18 primeiros tomos, bem como o 20.°, são de autoria total de Jacques Martin. No 19°, no grafismo, houve a colaboração de Jean Pleyers. Depois, seguiram-se quatro, com o traço do jovem suíço Rafael Morales, tendo a série continuado com o traço de Christophe Simon (três álbuns) e, o que foi o mais recentemente editado, “La Cité Engloutie”, tem o grafismo de Feny.

Alix é um jovem gaulês que se torna cidadão romano por adopção e, logo a partir da segunda aventura, torna-se seu companheiro permanente o jovem príncipe egípcio Enak. Há quem insinue que, de um modo subtil, há uma ligação sentimental entre ambos... Martin nunca negou nem confirmou esta hipótese. Em 2007, a Bélgica editou um selo onde figuram Alex e Enak. Há poucos anos atrás, a RTP 1 passou nas manhãs de sábados ou domingos a série “Alix”, em Cinema de Animação, cremos que sob produção inglesa, mas não conseguimos detectar os seus responsáveis...

A série “Alix”, bem dinâmica e movimentada, está muitíssimo bem documentada nos mais diversos aspectos (usos, costumes, arquitectura, etc.) da época, pelo que se demarca como uma obra didáctica de alto valor.


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alentejo popular - 25 de Março de 2010

através da banda desenhada

Coordenação de Armando Corrêa


BREVE ENTREVISTA COM O ARTISTA BRASILEIRO LEO

O seu nome artístico, Leo, é consequência das iniciais do seu nome real, Luís Eduardo Oliveira. Nasceu no Rio de Janeiro a 1 de Janeiro de 1944. No Brasil, formou-se em Engenharia Mecânica. Em 1971, escapa-se da ditadura militar e foi viver para o Chile e depois para a Argentina. Regressa clandestinamente ao seu Brasil, onde inicia a carreira de ilustrador e de banda desenhista. Em 1981, instalou-se em Paris, onde a sua carreira despontou verdadeiramente. Com frequência passa por Lisboa, na idas e vindas ao Funchal, donde é sua esposa, que aí tem familiares. Em 2000, foi o homenageado estrangeiro no salão «Sobreda-BD» desse ano, tendo recebido o Troféu Sobredão.
Com vasta obra, entre histórias soltas e séries, destacam-se: “Gandhi, o Peregrino da Paz” (com guião de Benoit Marchon), as séries “Trent” e “Kenya” (com guiões de Rodolphe), a série ”Dexter LondoID” (onde é argumentista, com o traço do jovem espanhol Sergio Garcia) e, como artista absoluto, uma belíssima série de ficção científica (ou melhor, futurista) com os ciclos “Aldebaran”, “Betelgeuse” e “Antare”. Veio ainda a série “Terres Lointaines”, em colaboração com lear. Impunha-se pois uma breve entrevista para esta página. E aí está ela:

Brasileiro de origem, hoje és um notável artista- BD da Europa. Curioso, não é? No teu íntimo, sentes-te dividido por dois continentes ou isso não te aflige no campo da tua carreira?
O facto de eu ter nascido num continente e ter construído a minha vida actual num outro não é motivo da aflição. Ao contrário, isto dá-me uma agradável sensação de ser um cidadão do mundo. Eu não gosto muito de fronteiras.

Depois de uma muito apreciável incursão tua por um “western canadiano”, com guiões do Rodolphe para a série “Trent”, apostaste na ficção futurista com outras maravilhosas séries. Porquê esta opção?
A ficção futurista sempre foi o meu terreno de predilecção. Ela permite uma liberdade de criação. “Trent”, que eu tive o prazer de desenhar, reflectia mais o universo do Rodolphe.

A BD humorística nunca te seduziu?
Não, eu não me sinto à vontade na BD humorística. Eu acho que fazer humor requer um tipo de talento bem específico que eu não tenho.

Em Portugal, foste homenageado ao vivo no salão “SobredaBD/ 2000”. Que guardas, emotivamente, de tal homenagem ?
A lembrança que eu guardo do salão “Sobreda-BD/2000” é a de momentos muito agradáveis em companhia de pessoas muito simpáticas e de grandes qualidades humanas. Sem falar da vossa maravilhosa fartura de comidas e dos vinhos!...

Como vês o actual panorama da BD, sobretudo quando há uma invasão de mangás e quando algumas vozes negativas vaticinam que a BD é uma Arte em vias de extinção?
Eu acho que a BD se porta muito bem. Como prova, ela pouco ou nada foi afectada pela famosa crise económica. Quanto à invasão dos mangás, ela existe, mas a BD europeia é, a meu ver, de muito melhor qualidade em termos de argumento e de desenho, e ela é perfeitamente capaz de resistir.

Que sonhos, a breve tempo, programas para a tua carreira?
Meu sonho, é continuar a criar minhas BD por muitos e muitos anos! Aliás estou neste momento a iniciar uma nova série, que pretendo levar em paralelo com “Antares”. Chama-se “Les Rescapés”, e contará a história de um grupo de sobreviventes do desastre que destruiu a nave Tycho Brahe, quando ela se dirigia a Aldebaran. Eles caem num planeta desconhecido e inexplorado e deverão lutar pela sobrevivência. E não será fácil, porque para além de animais estranhos e amea adores, o planeta é habitado por uma miríade de povos extraterrestres que ali tombaram através dos séculos.



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