quarta-feira, 23 de março de 2011

BDpress #243: A TRAGÉDIA JAPONESA VISTA PELOS CARTOONS + OS 65 ANOS DE “PLÁCIDO E MOSCA” – PEDRO CLETO NO JORNAL DE NOTÍCIAS


Jornal de Notícias, 19 de Março de 2011

A TRAGÉDIA JAPONESA VISTA PELOS CARTOONS

F. Cleto e Pina

Numa época em que o cartoon editorial está presente em quase todos os jornais, a tragédia que o Japão ainda vive não escapou ao olhar e ao traço dos criadores gráficos.

Uma simples pesquisa na Internet permite descobrir um grande número de desenhos alusivos, nos quais se destaca o uso recorrente de alguns símbolos: a bandeira japonesa, em especial o círculo vermelho, representando uma ferida, sol posto (desespero) ou sol nascente (esperança); o sinal nuclear associado ou substituindo elementos da cultura nipónica; variações sobre a pintura “A grande onda”, de Katsushika Hokusai, feita sinónimo de destruição, com a montanha original substituída por chaminés nucleares ou destroços urbanos.

E se à maior parte deles é comum uma grande sensibilidade e contenção, apelando mais à reflexão do que ao riso, a verdade é que algumas polémicas têm surgido, com alguns leitores a insurgirem-se, obrigando mesmo, nalguns casos, os autores a explicarem-se ou os jornais a pedirem desculpas públicas, como aconteceu, por exemplo no Brasil e na Malásia.

Ao mesmo tempo, têm sido criados sites como Tsunami – Des images pour le Japon, do ex-argumentista de Spirou, Jean-David Morvan, que reside no Japão, que reúnem ilustrações de solidariedade de autores de proveniências e estilos diversos.



 


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Jornal de Notícias, 17 de Março de 2011

PLÁCIDO E MOSCA, A MEMÓRIA DE OUTROS TEMPOS

F. Cleto e Pina

A 17 de Março de 1946, estreava na revista francesa “Vaillant” #56 uma nova série intitulada “Placid et Muzo”, protagonizada por dois animais antropomorfizados, um urso negro e uma raposa, que juntos viviam divertidas aventuras que raramente ultrapassavam uma página.

Se aquele título poderá dizer pouco aos leitores portugueses, o caso mudará com certeza de figura entre aqueles que leram histórias aos quadradinhos nas décadas de 50 e 60 do século passado, se lhes dissermos que em Portugal os dois heróis, numa aproximação à pronúncia original, foram rebaptizados como Plácido e Mosca.

E foi com esta designação que foram presença recorrente em títulos da Agência Portuguesa de Revistas como o Mundo de Aventuras, Condor ou Tigre, a preto e branco ou a uma cor, chegando até a estampar cadernos escolares em meados de 1950.

Inicialmente usando apenas umas calças com alças, os dois amigos – frequentemente em conflito, devido ao seu carácter distinto, mais pacífico Plácido, mais irrequieto Mosca – comporiam depois o seu visual vestindo pólos ou coletes, protagonizando tanto cenas quotidianas quanto episódios como polícias, cowboys, exploradores ou aventureiros, cuja leitura fácil e directa, os desfechos inesperados e os jogos de palavras contribuíram para conquistarem os leitores.

O seu criador foi o catalão José Cabrero Arnal (1909-1982), que os portugueses já conheciam como colaborador de “O Mosquito” onde, entre muitas outras bandas desenhadas, tinha brilhado com o cão Top, antepassado daquele que seria a sua mais famosa criação, Pif le chien, publicado pela primeira vez em 1948. Claramente inspirado pelo traço Disney, as suas diversas criações, quase sempre animais com postura humana, combinavam humor, charme e poesia de forma harmoniosa.

Plácido e Mosca, que originalmente tinham argumentos de Pierre Olivier, seriam retomados por Jacques Nicolaou, quando Arnal se dedicou a Pif, perdendo no entanto um pouco da poesia e da originalidade dos gags iniciais.



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Imagens da responsabilidade do Kuentro
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