segunda-feira, 22 de agosto de 2011

JOBAT NO LOULETANO – 9ª ARTE - MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (IV) – O “ULISSES” DE JOBAT

9ª ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA (IV)


NOSTALGIA (4)
NA TRILHA DE "ULISSES

por José Batista

Nos anos 50 a maioria dos desenhadores de histórias aos quadradinhos portugueses privilegiava os temas históricos, acima de qualquer outro. Vários factores contribuiram para essa opção, talvez o principal, a qualidade do desenho que os artistas norte americanos apresentavam nas BD publicados no nosso país. Três dos autores que mais fortemente influenciaram os ilustradores portugueses, foram, a meu ver, Hal Foster, Alex RaImond e Burn Hogarth, respectivamente criadores dos personagens Príncipe Valente e Rip Kirby, e o último, ilustrador das histórias de Tarzan.

A saga histórica passada no tempo do rei Artur, bem assim como as peripécias do homem macaco cativaram sobremaneira os vários aspirantes a ilustradores de BD nacionais. Em Alex Raymond, mais do que no enredo, a qualidade e o apuro no enquadrameno e execução artística eram inexcedíveis, o mesmo acontecendo igualmente a Foster e Hogarth. Outro dos factores da apetência dos desenhadores portugueses pelo género histórico, seria a beleza que os trajos, arquitectura, mobiliário e costumes dão às vinlhetas. Depois, a inexistência de guionistas nacionais, obrigaria os nossos ilustradores a recorrerem a narrativas históricas, temas que com facilidade encontramos na nossa literatura.

Integrado no espírito editorial da época, apresentei em 1955, a Mário de Aguiar, director da Agência Portuguesa de Revistas (A.P.R.), a primeira página ilustrada da história em BD, que hoje se inicia. Sugeri que a mesma saisse na revista Condor mensal, que na altura se publicava. Esta história era baseada no filme "Ulisses", recém estreado em Portugal, o qual fora novelizado – narrado em texto, com algumas fotos – na "Colecção Cinema", edição da APR.

Mário de Aguiar aprovou a ideia e a mesma foi agendada para a referida revista, que a publicou no fascículo n.° 57, do 6o volume, cuja data exacta de saída ignoro.

Creio ter sido a primeira história ilustrada com tal dimensão que desenhei, senão mesmo a que publiquei até essa data. Carlos Alberto, na altura já integrado na redacção, pois fora antes apenas colaborador externo, foi o autor das ilustrações da capa e contra-capa, a qual foi impressa nas oficinas da Bertrand (Irmãos), na travessa Condessa do Rio, junto à Calçada do Combro, empresa há muito extinta. Publicada há perto de cinco décadas notar-se-á nalgumas vinhetas o peso dos anos e, simultaneamente, os primórdios de um estilo que só a prática e os tempo aprimorariam.

Todavia, embora respeitando a inocência artística dessa época, os originais agora publicados beneficiaram de uma revisão tanto na balonagem como no acabamento de modo a valorizar a actual publicação.

Uma boa leitura para as duas gerações a quem esta publicação se destina – os "jovens" leitores de há meio século, e os de hoje.

Capa da colecção Condor, desenhada por Carlos Alberto, onde a história ilustrada "Ulisses", que hoje iniciamos, foi publicada em meados dos anos 50

Capa da revista italiana Cineromanzo Gigante nº1, de Outubro de 1954

 Páginas 186 e 187 da Colecção Cinema com novelização do filme ULISSES - filme realizado por Mario Camerini, com Kirk Douglas, Silvana Mangano e Anthony Quinn, 1954.

Página da fotonovelização do filme ULISSES (da revista original italiana Cineromanzo - Outubro, 1954) 

ULISSES - Original inédito da Página 1 recuperada
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ULISSES, José Batista (Jobat) adaptação do texto e desenho.
Prancha 1


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Imagens enviadas por Jobat, cuja colaboração agradecemos
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