sexta-feira, 7 de outubro de 2011

BDpress #294: DYLAN DOG, 25 ANOS – DICK TRACY, 80 ANOS – Pedro Cleto no Jornal de Notícias

Jornal de Notícias, 30 Setembro de 2011-10-07

DYLAN DOG, 25 ANOS

F. Cleto e Pina

Há 25 anos, chegava ao fim o mês de Setembro, aparecia nas bancas italianas uma nova revista de BD, editada pela Sergio Bonelli Editore. Mais uma aposta na banda desenhada popular de qualidade, estreava um novo herói, Dylan Dog, que dava nome à publicação que vinha fazer companhia a títulos de sucesso como Tex, Zagor ou Martin Mystère.

Intitulado “detective do pesadelo” ou do “impossível”, distinguia-se por (tentar) solucionar casos em que imperava o fantástico e o paranormal, numa hábil combinação entre o tom policial tradicional, com muito mistério e acção, e o terror, sendo por isso comum a aparição de fantasmas, monstros, lobisomens, mortos-vivos, assombrações, extraterrestres e o mais que se possa imaginar, a própria Morte incluída.

Como condimentos extra, trazia um toque de erotismo – como qualquer bom detective, Dylan Dog relaciona-se intimamente com (quase) todas as suas belas e sensuais clientes – e um irresistível non-sense, fruto das tiradas do detective e, em especial, da actuação do seu ajudante, Groucho, cara chapada do irmão Marx homónimo, tagarela insuportável que se distingue por lançar uma pistola a Dylan nas situações mais aflitivas, mesmo quando aparentemente se encontra longe.

O seu criador foi Tiziano Sclavi, que o dotou de argumentos bem escritos, inteligentes e atractivos, com múltiplas referências à literatura, ao cinema, à pintura e à própria BD, ficando a imagem gráfica a cargo de Claudio Villa que o criou à imagem e semelhança do actor inglês Rupert Everett. Angelo Stano, Gustavo Trigo, Montanari e Grassani e Corrado Roi foram os primeiros desenhadores da série, por onde já passaram alguns dos grandes nomes dos quadradinhos italianos.

Filho de Morgana e de Xabaras, um alter ego de Abraxas, o seu maior inimigo, Dylan Dog é vegetariano, ex-alcoólico e ex-inspector da Scotland Yard e mora no nº 7 de Craven Road, cuja campainha grita em vez de tocar. Amante do clarinete, que toca em busca de inspiração para resolver os mistérios que se lhe deparam ao mesmo tempo que constrói um galeão em miniatura, sempre incompleto, o novo heróis dos fumetti (BD italiana) sofria de claustrofobia, não se dando igualmente bem com morcegos ou alturas, o que não impediu que granjeasse um enorme sucesso, tendo chegado a vender mensalmente mais de um milhão de exemplares, entre novidades e reedições, e chegando mesmo a superar Tex, o sustentáculo do impérios aos quadradinhos Bonelli.

A par disso, saltando para lá do papel, deu nome ao Dylan Dog Horror Festival, uma mostra de cinema fantástico onde apareciam muitos “clones” seus, trajados a rigor com camisa vermelha, casaco preto e calças de ganga azuis. Ainda no cinema, há poucas semanas estreou entre nós “Dylan Dog: Guardião da Noite”, uma película infeliz e falha de inspiração, dirigida por Kevin Monroe e protagonizada por Brandon Routh.
O detective marcou presença nas bancas portuguesas através das revistas das editoras brasileiras que o publicaram, a última das quais, a Mythos distribuiu em Portugal os 40 números que editou, o último dos quais distribuído no final de 2007.

Em Itália os 25 anos ficam assinalados pela publicação de Dylan Dog #300, a cores como é timbre da editora para os números centenários, numa história escrita por Pasquale Ruju e desenhada por Angelo Stano, que mostra um dos seus possíveis futuros.




Dylan Dog nº 300

Capas dos nº 301 (saiu a 27 de Setembro) e nº 302 (sai a 27 de Outubro em Itália)

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Jornal de Notícias, 4 de Outubro de 2011

DICK TRACY 
O PRIMEIRO DETECTIVE DOS COMICS

F. Cleto e Pina

Há 80 anos, o “Chicago Tribune” apresentava um novo herói dos quadradinhos, de queixo quadrado, gabardine amarela e um inovador rádio-relógio, que viria a ser o primeiro detective da BD americana, função assumida dias mais tarde para descobrir os assassinos do futuro sogro e raptores da noiva, Tess Trueheart.

O seu autor, Chester Gould (1900-1985), utilizava como fonte de inspiração as notícias dos jornais, em que abundavam os crimes, como consequência da Grande Depressão de 1929. Talvez por isso, o tom das narrativas, bem conseguidas e estruturadas, era duro e violento, sendo vulgar os criminosos morrerem às mãos da polícia ou em brutais acidentes. Estes factores, a par do grafismo original, baseado em fortes contrastes de branco e negro que davam vida ao traço de Gould, que caracterizava os vilões com faces disformes e aberrantes, fizeram o sucesso imediato das aventuras de Dick Tracy, que foram transpostas para um folhetim radiofónico, entre 1934 e 1948, e levadas ao cinema a partir de 1937, em diversos filmes protagonizadas por Ralph Byrd. Em 1990, o detective voltou ao grande ecrã, num filme realizado e interpretado por Warren Beaty, que contracenou com Madonna, Al Pacino e Dustin Hoffman.

A par da vivência profissional, Gould dotou o detective de uma vida familiar, após o seu casamento com Tess, em 1949, tendo o casal dois filhos. Nos anos 60, a tira viveu uma “era espacial”, tendo Dick Tracy pilotado naves e ido até à Lua. Gould assinou a série até 25 de Dezembro de 1977, sendo depois substituído por Max Allan Colins, no argumento, e Rick Fletcher, no desenho. Joe Staton e Mike Curtis são os actuais responsáveis pela série, que continua a ser publicada diariamente.




Madonna e Warren Beatty, no filme Dick Tracy

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Imagens da responsabilidade do Kuentro.

Imagens da responsabilidade do Kuentro

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