segunda-feira, 1 de julho de 2013

JOBAT NO LOULETANO (120-121) – FERNANDO BENTO (5-6)


Regresso à Ilha do Tesouro, vol. 1 - 1993 - último trabalho de Fernando Bento


NONA ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA
(CXX - CXXI)

FERNANDO BENTO (5-6)

O Louletano, 28 de Janeiro de 2008


A vocação artística de Fernando Bento vem de muito longe e foi desencadeada de forma pouco habitual - a assistência aos espectáculos do Coliseu dos Recreios. Pelo facto de seu pai trabalhar para Ricardo Covões, o artista, quanto menino, tinha acesso livre aos bastidores e à plateia; deste modo, como ele próprio con­tou, desde os três anos presenciava os ensaios de ópera, de cir­co, de "mu­sic-hall", etc. A visão do grande palco das ilusões foi, para ele, um estímulo criativo, e assim, de muito novo, esboçou e desenhou figurinos, cenários, caricaturas e cartazes de espectáculos.

É esta actividade (hoje es­quecida) de um dos maiores desenhadores de histórias aos quadradinhos portuguesas que nos propomos recordar.

Fernando Bento teria 21 anos quando, em 1931, desenhou o cabeçalho do jornal-prospecto

"Coliseu", de distri­buição gratuita. Pela mesma data, o "Notí­cias Ilustrado", "O Aldrabão" e o "Brado Comercial" também começaram a publicar trabalhos de sua autoria (ilustrações, caricaturas, cartoons). Entre­tanto, com "fair-play" notável, encetava pacatamente a carreira de empregado comercial numa companhia de petróleos (a arte é madrasta). »»

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O Louletano, 28 de Janeiro de 2008


O seu grande triunfo como figurinista de teatro de revista deu-se em 1935-36, com os espectáculos do Coliseu: "O Fim do Mundo" e "A Última Maravilha". A crítica foi unânime – grande parte do sucesso devia-se ao moço figurinista, que contava então 25 anos. O seu nome vinha citado ao lado das grandes estrelas da revista: a escultural brasileira Vanise Mei­reles, o "compère" Álvaro Pereira, a cantadeira Arminda Vidal, etc.

Eis alguns extractos da imprensa da época:

"Diario de Lisboa" (Norberto Lopes) – "Fernando Bento, o jovem desenhador que revelara magníficas aptidões no 'Fim do Mundo', afirmou-se desta vez um figurinista pri­moroso, com excelente sentido decorativo moderno, elegante e gracioso no traço com que desenhou quase todos os modelos que revestiram a fantasia".

"Diário de Notícias" (Paulo de Brito Aranha) – "Tem-se a impressão de que não se olhou a despesas, nem no guarda-roupa, desenhado com felicidade por Fernando Bento".

"O Século" (Rafael Ferreira) – "Quanto ao guarda-roupa da empresa, feita sob figurinos de Fernando Bento, que dia a dia se afirma um artista cheio de gosto e de iniciativa, tem aspectos muito interessantes e uma admirável combinação de cores, a que os efeitos de luz dão ainda superior realce, como no quadro "As Maravilhas da Electricidade", onde o fato de Vanise Meireles, pela acção de um aparelho especial, lança faíscas que atravessam a sala".

"Diário da Manhã" (Dr. Jorge de Faria) – "Há que avultar num primeiro plano o desenho dos figurinos e maquetas de certos ce­nários, que afirmam que Fernando Bento, um novo, reais qualidades de composição e de fantasia, a par com uma assinalável sensibilidade artística, que deixa entrever maiores e mais altas possibilidades".

"República" (José Gouveia) – "Vão para Fernando Bento as nossas últimas palavras. As suas maquetas revelam um talento livre, sem escolas, impondo este moço artista à considera­ção do nosso público. Merece o nosso aplauso. Eis tudo".

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O PRÍNCIPE FELIZ 
Baseado num conto de Oscar Wilde - Ilustrações de Fernando Bento
(5 e 6)


(continua...) 

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