segunda-feira, 12 de agosto de 2013

JOBAT NO LOULETANO (126-127) – AUGUSTO TRIGO (2 e 3)

Vinheta de Kumalo, de Jorge Magalhães (argumento) e Augusto Trigo (ilustrações)

NONA ARTE
MEMÓRIAS DA BANDA DESENHADA
(CXXVI – CXXVII)

O Louletano, 10 de Março de 2008

AUGUSTO TRIGO (2)
por: Leonardo De Sá

Por essa época re­alizou um importante quadro para o Banco Nacional da Gui­né-Bissau, mais tarde reproduzido numa nota de dinheiro de governo. Fi­xou-se defi­nitivamente em Portugal em Setembro de 1979. Ten­do começado tarde a desenhar comics com uma primeira HQ no Mundo de Aventuras (5ª Série) em 1980, a sua produção depressa se alargou – nomeadamente Mundo de Aventuras Especial, Tintin, Quadradinhos (2ª Série), Jornal da BD – contando com títulos muito sólidos: “A Sombra do Gavião”, "O Visitante Maldito", "Luz do Oriente", "Wakantanka", "Excalibur", "Kumalo" (para a 5ª série de O Mosquito), etc., em histórias curtas ou publicando em álbuns, na Editora Futura, Edições Internacionais, Meribérica/Liber, Edições ASA (no­meadamente a série das Lendas de Portugal, que vinha sendo publicada no Jornal do Exército), com argumentos de Jorge Magalhães. Foi um dos partici­pantes na BD colectiva "Maria Jornalista", com duas pranchas por autor, no Noticias Magazine do Diário de Noticias e Jornal de Noticias de 9 de Janeiro a 13 de Março de 1994.

É colaborador regular da re­vista Montepio. Tem executado igualmente muitas ilustrações e capas para diversos suportes, livros e revistas. Dedica-se ainda à publicidade. ■

 Augusto Trigo finalizando a prancha 3 de A Luz do Oriente (ver esta prancha mais abaixo)


Páginas de Kumalo, em "O Mosquito", 5ª série, nº 1, Abril de 1984

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O Louletano, 17 de Março de 2008

AUGUSTO TRIGO (3)
por: José Batista

Os dias decorriam monótonos e pachorrentos na então pro­víncia Portuguesa da Guiné. Nesse pacífico recanto de África, nos idos de 1945, os últimos estertores da II guerra mundial mal se faziam ouvir, e muito menos à pequenada entretida nas brincadeiras que esse lugar ermo dispunha. A metrópole ficava longe, mas para Eugénio Maria Trigo, pai de Augusto Trigo, miúdo de 7 anos na altura, as notícias chegavam sem demora, pois era funcionário dos CTT na cidade de Bissau, capital da província.

Para os adultos, a caça era o natural entretenimento dos colonos, normalmente noite adentro, e raramente sós, não tanto por necessidade mas por mero prazer, e também pelas emoções que tal desporto, embora perigoso, proporcionava. Em casa, D. Irene Pereira Rodrigues Trigo, a mãe dos três filhos do casal, Armando, Manuel e Augusto, grávida na altura, atenta, cuidava da pequenada.

Embora longe da metrópole, os colonos transpunham para onde iam os hábitos e costumes da pátria natal, inclusive os jogos e brincadeiras a que se tinham habituado, passando-os aos seus filhos. Estes entretinham-se a jogar à bola de trapos, feita com uma meia, a brincar com o arco, a fazer carrinhos de tara, (miolo da folha de palmeira), ou a imitar os "cóbois" que os cinemas ambulantes projectavam (só que aqui cada um levava a sua própria cadeira), entre outros jogos inocentes próprios dessa época. Embora na Guiné os entretenimentos disponíveis fossem escassos, a imaginação e a habilidade ma­nual própria dos miúdos supriam as necessidades, servindo-se daquilo que o meio oferecia.

Pouco afeito às letras e aos números, o jovem Augusto, o mais novo dos três irmãos, ocupava o seu tempo com um passatempo favorito que o deliciava, mas que sua mãe não apoiava de todo, pois não gostava de ver as paredes ris­cadas a carvão. Porém, alheado a tudo isso, as formas e as cores enchiam os olhos do garoto, bastando-lhe um gra­veto queimado da lareira e algum naco de parede caiada para vazar, ainda que toscamente, as formas que povoavam a sua infantil imaginação.

Ao contrário de sua mãe, o pai ad­mirava a facilidade com que o garoto garatujava os bonecos, os rabiscos que lhe saiam das mãos. Então, aconselhado por sua irmã, também ela ligada às artes, e para evitar males maiores, ofereceu ao filho uma caixa de lápis de cor, talvez o melhor presente que alguém lhe podia dar na altura. Utilizando-os a partir daí, as paredes foram poupadas à febril criatividade do jovem candidato às artes visuais, transpondo para um novo suporte, o papel, o conteúdo que lhe enchia a alma. »»

Quelé-Fabá, história inédita inacabada, ilustrada por Augusto Trigo em 1992,
baseada numa lenda da Guiné, depois do seu regresso definitivo a Portugal.

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LUZ DO ORIENTE
(2 e 3)
Jorge Magalhães (argumento), Augusto Trigo (ilustrações)



(continua...)

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