quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO (30) – EXPOSIÇÕES (13) + Texto de José Ruy: AMIGOS DO CNBDI (22)


EXPOSIÇÕES (13)
ORDEM PARA HUMORAR
Patente ao público de 07-07-2007 a 27-03-2008

INTRODUÇÃO AO CATÁLOGO 007

O mês de Julho de 2007 fica marcado por uma coincidência irrepetível, - 07.07.07 - e para celebrá-la, o Centro Nacional de Banda Desenhada e Imagem da Amadora trouxe o mais conhecido agente secreto britânico de todos os tempos à Cidade. James Bond, o mítico 007, é um verdadeiro ícone da literatura e da 7a Arte, que autores portugueses, argentinos, brasileiros, cubanos, espanhóis, hondurenhos e peruanos foram convidados a traduzir em caricaturas, desenho de humor, cartoon, tira cómica ou ainda prancha de BD O feliz encontro entre este herói e a 9.a Arte representa acima de tudo a riqueza das expressões artísticas, prova de que o mundo das artes não é estanque e que as suas manifestações se influenciam (e ainda bem) mútua e constantemente. E para comemorar a exposição 007 Ordem para Humorar, que tal uma bebida "shaken, not stirred"?

O Vereador do Pelouro da Cultura
António Moreira

Contracapa e capa do Catálogo

Algumas páginas do Catálogo


 

NO PRÓXIMO ÀS QUINTAS FALAMOS DO CNBDI NO KUENTRO
APRESENTAREMOS AS FOTOS DE DÂMASO AFONSO 
OBTIDAS NA INAUGURAÇÃO DESTA EXPOSIÇÃO 

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AMIGOS DO CNBDI (22)
Por José Ruy

A exposição que foi montada no espaço CNBDI, de apoio ao Festival de 2012, foi dedicada à Peregrinação. Abriu ao público a 27 de outubro desse ano. A conceção cenográfica, muito feliz, foi de autoria de Catarina Pé-Curto [filha do escultor Jorge Pé-Curto] , e a seleção documental da responsabilidade de Cristina Gouveia e Sara Figueiredo Costa.

No espaço onde se encontra o «búnquer» (como eu lhe chamo) foi montado um cais de onde no século XVII partiriam as naus e galeões para o próximo e extremo oriente. Em exposição nas paredes, os originais da Peregrinação em Quadrinhos publicados no «Cavaleiro Andante» em 1958 e 1959 e ilustrações de colegas, Eduardo Teixeira Coelho, António Gomes de Almeida/Artur Correia, Carlos Marreiros, de Macau, João Fazenda, André Letria, José Garcês, o disco (agora em DVD) «Por Este Rio Acima» de Fausto Bordalo Dias, bem como o cartaz e adereços da peça «Fernão, Mentes?» do ator encenador Hélder Costa e os saborosos quadros em azulejaria de João Duarte, um jovem artista promissor.

Pormenor do cais, prancha já montada para publicação em livro e vinhetas que Eduardo Teixeira Coelho havia criado para a primeira exposição de HQ em Portugal, em 1952, no Palácio da Independência, em Lisboa.

Na segunda sala de exposições, foi criado pela Catarina Pé-Curto um ambiente asiático onde não faltou um crocodilo, uma gruta, árvores exóticas, um pedaço da proa de um navio desarvorado devido a um naufrágio e a miniatura de uma caravela construída por mim em 1986 para servir de modelo às histórias.

Foi neste cenário atraente e simbólico que o CNBDI recebeu os tertulianos quando em Fevereiro de 2013 abriu o «Às Quintas falamos de BD». E desta vez foi com a presença do próprio Fernão Mendes Pinto, representado por um ator da companhia de teatro «A Barraca» a ser entrevistado por Hélder Costa. Chamou-se «Encontro Imaginário. 

Helder Costa escreveu propositadamente um texto original para este encontro imaginário. E foi realmente um encontro empolgante, em que os presentes intervieram oportunamente. A personagem estava vestida à época e sem barbas. Ora nestas viagens longas por mar, os marinheiros por vezes açoitados por tempestades tropicais não se preocupariam em cortar as barbas ou cuidar dos cabelos, e perguntei ao Hélder Costa se fora intencional esse pormenor da caracterização. Respondeu que não.

Pintura de João Fazenda e capa do disco de Fausto, Por este Rio Acima

Expliquei então que eu próprio tinha construído a personagem nos Quadrinhos, imberbe, mas isso deveu-se realmente ao facto de na época, década de 1950, haver uma distinção entre os piratas e os navegantes «bonzinhos», isto até no cinema que nos chegava dos Estados Unidos da América e da Europa. Os piratas apresentavam-se barbudos e com pala negra no olho; os outros, incluindo os corsários oficializados na sua época pela então Rainha de Inglaterra, tinham sempre a barba feita. Ora a obra «Peregrinação» não era bem quista do nosso Governo, por o seu autor Fernão Mendes Pinto declarar que tinha feito pirataria nos mares da China e em terra. Era uma obra proscrita, e foi preciso grande insistência da minha parte para conseguir convencer o Simões Müller, diretor de «O Cavaleiro Andante» a publicar a história. Se à partida desse o aspeto à pesonagem, que descrevo atrás, a censura reagiria negativamente.

Foram pequenos pormenores como este que ajudaram a que certas obras tivessem «passado» nas malhas da censura. Esta exposição no CNBDI estaria patente até 30 de Junho de 2013, no entanto vai prolongar-se até Abril de 2014, ano em que se comemoram os quatro séculos da primeira edição deste livro maravilhoso, em 1614, um documento sério de uma época onde se rasgaram novos horizontes para além do previsível.

Mas concretamente previsível era já o êxito da próxima sessão de «Às Quintas Falamos de BD», no mês seguinte, em Março.

(continua)

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