terça-feira, 14 de janeiro de 2014

BDpress #399 – AS ESCOLHAS DE BANDA DESENHADA DE 2013 – Sara Figueiredo Costa (Expresso) e Pedro Cleto (JN)

Expresso – ATUAL, 28 de dezembro de 2013 

ESCOLHAS
Sara Figueiredo Costa

A edição de banda desenhada voltou a retrair-se em Portugal, mantendo-se os projetos editoriais mais pequenos como último reduto dos livros que vale a pena levar de 2013. Chili com Carne, Polvo e Kingpin Books salvaram a safra, mas ficou algum pessimismo no ar. No caso da ilustração e dos álbuns, a crise não foi decisiva: talvez porque o sector dito infantil é aquele que melhor se aguenta em tempos de precariedade. Quebrando a regra de só referir, nestas listas, livros de BD, ilustração e territórios afins (com a inclusão habitual da categoria infanto-juvenil, que serve mais à arrumação livreira do que a qualquer leitura), junto dois livros fora deste âmbito, ambos editados pela Letra Livre, fundamentais para compreender a edição e os modos de trabalhar com livros: "O Negócio dos Livros", de André Schiffrin, e "& etc, Uma Editora no Subterrâneo", obra coletiva coordenada por Paulo da Costa Domingos, sem eles, o ano editorial ficaria incompleto.

IRMÃO LOBO
Carla Maia de Almeida
Planeta Tangerina

BESTIAL
André da Loba
Pato Lógico 

O JARDIM DE BABAÏ
Mandana Sadat
Bruaá

365 PINGUINS
Jean-Luc Fromental e Joelle Jolivet
Orteu Negro

A MENINA DE VERMELHO
Aaron Frisch e Roberto lnocenti
Kalandraka

O DESENHADOR DEFUNTO
Francisco Sousa Lobo
Chili com Carne

PALMAS PARA O ESQUILO
David Soares e Pedro Serpa
Kíngpin Books

INFERNO
Marcel Ruijters
Chili com Carne

MORRO DA FAVELA
André Diniz
Polvo

WC
Mariette Tosel
Mmmnnnrrrg

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Jornal de Notícias, domingo 15/12/2013

Banda desenhada apresenta diversas propostas de potenciais presentes natalícios, com publicações nacionais e franco-belgas em destaque

F. Cleto e Pina

Com o Natal à porta, es­queça as meias e os choco­lates. Em Portugal, apesar da crise, ainda se encon­tram muitas propostas de ofertas aos quadradinhos, para (quase) todos os gos­tos, idades e bolsas.

Por exemplo, acaba de sair a 2.a edição de "O Baile", obra de Nuno Duarte e Joana Afonso, que decorre numa aldeia assombrada por mortos-vivos durante a dita­dura salazarista.


Igualmente em português, distinguem-se "Palmas para o esquilo", de David Soares e Pedro Serpa, incómoda via­gem pela loucura; "O impa­ciente inglês", de Mário Frei­tas, André Pereira e Bernardo Majer, sobre a procura de um artefacto isabelino, relacio­nado com a morte de Shakes­peare; e "Comic Transfer", sobre a forma como vemos os outros e eles a nós, num intercâmbio entre Ricardo Ca­bral e Till Lamann.



À medida da época que vi­vemos, está "No presépio", visão satírica do primeiro Na­tal, assinada por Álvaro e Jo­sé Pinto Carneiro.


Os saudosistas das revistas periódicas de BD podem re­viver esses tempos procuran­do nos quiosques a "Disney Especial Natal", com histó­rias alusivas à quadra prota­gonizadas por patos e ratos.

Evocando a revista "Tintin", há versões portuguesas dos dois maiores "best-sellers" francófonos do ano: "Astérix entre os Pictos" (ver caixa) e "Blake e Mortimer: A onda Septimus", uma seque­la de "A Marca Amarela".


Para quem nasceu tarde para ter este tipo de memó­rias, é melhor apostar em edi­ções de manga como "Blue Exorcist" ou "Naruto". Este faz a ponte com a TV, onde os mais pequenos veem regularmente Geronimo Stilton, rato jornalista.

Ainda com a TV como mote, estão nas livrarias "The walking dead - A calma antes", nova compilação dos comics onde a epidemia de mortos-vivos nasceu, e "99 séries de televisão para pes­soas com pressa", que, de for­ma irónica, resume alguns dos maiores êxitos televisivos, como "Anatomia de Grey", "Sopranos" ou "O sexo e a cidade".

Para os adeptos da BD fran­co-belga, há "Caroline Baldwin: moon river", policial in­timista no feminino, ou "As águias de Roma - Livro IV", fresco de ação histórico da autoria de Marini.


Para aqueles de quem o Pai Natal se esquecer ou a família achar que já "são grandes para ler quadradinhos", restam as edições digitais, que têm a van­tagem de serem gratuitas. Ca­lafrios (http://afilactera.com/ /2013/1210/calafrios-002-ja-disponivel/), compilação de histórias de terror norte-ame­ricanas da década de 1950, Hanako (http://www.qualalbatroz.pt/qualoja/butterfly-chronicles-cronica-primeira-hanako.html) ou a primeira das Butterfly Chronicles cria­da por João Mascarenhas em estilo manga, são opções.


CAIXA
Em alta nas vendas


Se a tiragem na­cional de "Astérix entre os Pictos" está longe dos dois milhões da edição francófo­na, é certamente relevante mesmo fora do círculo restrito da BD. Primeiro álbum sem Goscinny e Uderzo. leva os gauleses à Cale­dónia (atual Escó­cia) para auxiliar os pictos contra os romanos e desvendar misté­rios que persistem nos nossos dias. À dimensão nacional, "As aventuras de Dog Mendonça e Pizzaboy", de Filipe Melo e dos argentinos Juan Cavia e Santiago Villa, são também um caso sério de vendas. O pri­meiro volume já vai na 6.a edi­ção, o segundo tem três e o ter­ceiro (e último) tomo. "Requiem". Mostrou mais uma vez a popularidade dos heróis sediados em Lisboa.


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