sábado, 14 de junho de 2014

X FESTIVAL INTERNACIONAL DE BD DE BEJA 2014 (11) – AS EXPOSIÇÕES (10): BDLP + ROMANOS NA BANDA DESENHADA



MUSEU REGIONAL DE BEJA – CONVENTO DA CONCEIÇÃO | BDLP | Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique e Portugal

Com Alexandre Soares (Brasil), Altino Chindele (Angola), Álvaro (Portugal), Ana Saúde (Portugal), André Barroso (Brasil), Andreia Rechena (Portugal), Bocolo (Angola), Carlos Rocha (Portugal), Carnott Júnior (Angola), Fábio Moon (Brasil), GEvan (Portugal), Gildo (Angola), Inês Freitas (Portugal), Joana Afonso (Portugal), João Mascarenhas (Portugal), Júlio Pinto (Angola), l.indomar de Sousa (Angola), Marcelo d'Salete (Brasil), Marta Patalão (Portugal), Miguel Mendes (Portugal), Nelo Tumbula (Angola), Olímpio de Sousa (Angola), Paulo Monteiro (Portugal), Rita Vilela (Portugal), Sai Rodrigues (Cabo Verde), Tiago Abrantes (Angola), Wander Antunes (Brasil) e Zorito Chiwanga (Moçambique).


BDLP
João Mascarenhas

BDLP. Banda Desenhada de Língua Portuguesa. O fanzine que surgiu de uma ideia gerada aquando da realização do Festival de Luanda de 2010. Numa conversa de amigos, Olímpio e Lindomar de Sousa e João Mascarenhas, em breves "traços" definiram o perfil do fanzine: autores lusófonos e escrito em português. O português tão igual e tão diferente, falado e escrito nos quatro cantos do mundo. Aquilo que nos diferencia é exactamente aquilo que nos une. Esta diversidade da própria língua portuguesa é bem patente no BDLP #2, onde participam autores de cinco países da CPLP. E o resultado é fantástico, com as pequenas grandes variações da língua, projectadas através da Banda Desenhada de autores angolanos, brasileiros, portugueses ou moçambicanos. A participação de Cabo Verde foi apenas gráfica, sem texto. É a festa da diversidade das palavras aliadas às imagens criadas em cada continente onde a língua é falada, escrita e desenhada.

E o BDLP nasceu. Editado em conjunto pelo Olindomar Estúdio de Angola e pelo Grupo Extractus de Portugal. O primeiro número viu a luz em 2011 e desde então é editado um todos os anos. Nesta breve vida, já permitiu aos editores orgulharem-se do trabalho dos cerca de trinta autores de cinco dos países da CPLP que participaram nos três primeiros números até agora editados. Trabalho aliás reconhecido em Portugal, onde o fanzine venceu o Prémio Nacional de Banda Desenhada do Festival AmadoraBD'2013, na categoria "Fanzine", e em França, onde foi nomeado para o Prémio da BD Alternativa do Festival Internacional de Banda Desenhada de Angoulême 2014.

Além da edição impressa, os editores decidiram disponibilizar uma versão digital, que pode ser acedida através do blog do fanzine: http://bdlp.blogs.sapo.pt. Assim, aquando da saída de um novo número, o anterior é disponibilizado neste endereço electrónico. O intercâmbio que este projecto tem permitido entre autores de Banda Desenhada de alguns dos países da CPLP, fazem com que os editores estejam já a preparar novos e diferentes voos futuros. Estes, a concretizarem-se como esperamos, permitirão um maior enriquecimento aos autores participantes, quer a nível artístico, quer humano, permitindo no final a todos uma experiência inolvidável. Ao nível da Banda Desenhada, ao nível da Língua e à escala planetária.


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MUSEU REGIONAL DE BEJA IGREJA DE SANTO AMARO | ROMANOS NA BANDA DESENHADA | Argentina, Bélgica, Canadá, Estados Unidos da América, França, Itália e Portugal.

Exposição bibliográfica com álbuns e revistas de Alberto Salinas (Argentina), Blutch (França), Clarence Gray / William Ritt (Estados Unidos da América), David B. (França), Eduardo Teixeira Coelho / José Carlos Teixeira (Portugal), Filipe Abranches / A. H. de Oliveira Marques (Portugal), Franz / Vernal (Bélgica), Harold Foster (Canadá), Hermann / Laymilie (Bélgica), Jacques Martin (França), José Salomão / Vitor Belém (Portugal), Milo Manara (Itália), Philippe Delaby / Jean Dufaux (Bélgica), Uderzo / Goscinny (França) e Victor Mesquita (Portugal).


BEJA - A PAX JULIA ROMANA
Francisco Paixão

A cidade de Beja foi muito importante durante a romanização do actual território português.

Denominada Pax Julia foi capital de Conventus Juridicus (circunscrição jurídica) juntamente com Scallabis Julia (Santarém) e Emerita Augusta (Merida), esta última capital da Lusitânia. Foi colónia romana – os seus cidadãos tinham o mesmo estatuto dos cidadãos de Roma –, e por aqui passava uma importante via romana (estradas vitais para a sobrevivência do império romano). Sendo capital de Conventus, administrou juridicamente umas das regiões da Lusitânia (todos os problemas jurídicos a sul do Tejo eram aqui resolvidos), estava administrativamente acima de Felicitas Julia (Lisboa) ou de Ebora (Évora). Assim, a cidade possuía um conjunto de edifícios públicos de relevo, com destaque para um templo de enormes dimensões e um grande Fórum, situados muito perto da actual Praça da República. Infelizmente, devido às demolições ocorridas durante séculos, não foram encontrados vestígios de outros edifícios característicos da urbe romana como, por exemplo, o teatro e o anfiteatro.

Escavações arqueológicas recentemente efectuadas puseram a descoberto as estruturas do templo romano e encontrou-se aquele que é, até agora, o maior templo da Península Ibérica, com cerca de trinta metros de comprimento e vinte de altura, rodeado por um grande tanque, semelhante aos encontrados nas cidade de Sevilha e Barcelona.

A colónia Pax Julia, elevada a cerca de 260 metros ao nível das águas do mar, dominou todo um vasto território rico em recursos mineiros, como por exemplo as minas de Vipasca (Aljustrel), e em recursos agrícolas. À volta da cidade encontram-se, ainda hoje, os famosos "barros de Beja", terras das mais férteis do país. Por conseguinte, foi nesta região que se desenvolveram importantes explorações agrícolas – as Villae – que correspondem, grosso modo, aos actuais montes alentejanos. A villa romana de Pisões era uma dessas explorações agrícolas que rodeavam a cidade romana. Escavações arqueológicas descobriram uma enorme villa do século I e abandonada no século IV. Estas escavações permitiram pôr a descoberto uma vasta área residencial, com mais de 40 salas, um conjunto balneário composto por piscinas aquecidas através de um complexo hipocausto, e recolher um vasto espólio formado por cerâmica comum, terra sigillata, mosaicos, objectos em ferro, bronze, osso, moedas, material arquitectónico e lapidar.

Actualmente, podemos encontrar no Museu Regional de Beja alguns dos testemunhos deste período da nossa História: os imponentes capitéis romanos com paralelo na cidade de Roma, capital do império, e um vasto espólio composto por lápides, aras votivas, diversos elementos arquitectónicos, mosaicos, vidros, frescos, cerâmicas, e um sem número de objectos do quotidiano que testemunham o esplendor daquela civilização, que também é a nossa, e da qual podemos encontrar, hoje, testemunhos na língua que falamos, no traçado das ruas de cidades e estradas, nas fachadas dos edifícios e, ainda, no Direito e na Lei. Os autores patentes nesta exposição remetem-nos para o imaginário deste período. Através das suas pranchas, de matriz histórica, não se limitam a desenvolver um conjunto de histórias em torno das suas personagens e aventuras, mas dão-lhe também toda uma dimensão trágica e/ou cómica no desenvolvimento relacional das suas personagens com o mundo e a sociedade em que vivem e, ao mesmo tempo, um rigor ao nível do desenho clássico, na reconstituição fiel das cidades, da arquitectura, dos trajes, dos objectos, das armas, etc. Vejam-se, por exemplo, as pranchas de Jacques Martin, na série Alix e de Uderzo e Goscinny, nas aventuras de Astérix o gaulês...


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