domingo, 10 de agosto de 2014

GAZETA DA BD #29 – NA GAZETA DAS CALDAS – QUANDO OS SUPER HERÓIS MUDAM DE GÉNERO OU DE GRUPO ÉTNICO


GAZETA DA BD #29
NA GAZETA DAS CALDAS

QUANDO OS SUPER HERÓIS 
MUDAM DE GÉNERO 
OU DE GRUPO ÉTNICO

Gazeta das Caldas, 8 de Agosto 2014

Jorge Machado-Dias

Sempre em busca de cada vez mais leitores – especialmente quando as vendas revelam tendência a cair – os grandes editores norte-americanos de banda desenhada (comics) não hesitam em dar “uma volta” aos seus “super-heróis” (as personagens mais típicas da BD dos EUA), para encontrarem mais público.

A palavra Comics é uma expressão inglesa que pode ser traduzida como "cómicos" e que designa a banda desenhada, tanto em Inglaterra como nos Estados Unidos da América, derivando do facto de que a BD, no seu início, tinha essencialmente caracteristicas humoristicas.

Nos anos da década de 1930, nascem as editoras que vão estabelecer o paradigma dos comics americanos, tal como os conhecemos hoje. Em 1935 nasce a National Allied Publications que mais tarde se junta a outras companhias editoriais, dando origem à DC Comics. A DC Comics, ainda em 1935 cria a revista “New Comics”, que dará origem àquela que é designada a “idade de ouro” dos comics. Mas foi com a primeira revista da DC Comics dedicada apenas aos “super-heróis”, a “Action Comics”, em Março de 1938, que as características dos “super-heróis” começam a ficar estabelecidas, com o nascimento, logo no primeiro número, do Super-Homem. Uma outra revista desta editora, a “Detective Comics” verá nascer, no seu nº 27, Maio de 1939, a personagem Batman.

Em 1939 nasce a Timely Comics, que fará surgir vários “super-heróis”, como a Tocha Humana, Thor, Incrível Hulk, Homem Aranha, Capitão América, etc... – a Timely passará, em 1960, a designar-se por Marvel Comics.

Isto é, em traços muito sintéticos, o início da História dos “super-heróis” nos comics, mas acrescentemos, já agora e à laia de parentesis, que no final dos anos 1980 surgiram outras editoras, a começar pela Dark Horse ou a Image Comics, que se consideravam “independentes” em relação à DC Comics e Marvel, optando por outro tipo de banda desenhada que não a dos “super-heróis” com “super-poderes”.

Quando, no passado mês de Julho, a Marvel anunciou a mudança de sexo (passará a ser uma mulher) de uma das suas personagens mais mediáticas – Thor – toda a gente terá ficado muito surpreendida. É que o Thor, deus do trovão, filho de Odin, que conhecemos, já não vai voltar, a partir da próxima edição da sua revista, em Outubro próximo, em que Jason Aaron será responsável pela escrita da história, a ser ilustrada por Russell Dauterman.

Esta personagem, criada em 1962, baseada num deus nórdico, que usa o martelo Mjölnir e convoca trovões para aniquilar os inimigos, passa a ser, ao que pensamos, a primeira transgénero na história da banda desenhada. Mas quem é afinal esta nova heroína que segurará agora o poderoso martelo? De onde é que ela vem e como é que aparece na história? Qual é afinal a sua ligação ao longínquo reino de Asgard e ao universo Marvel? Saber-se-á talvez, quando a história for publicada. Outro dos mistérios é a imagem que a Marvel divulgou do "antigo Deus do Trovão", sugerindo que este continuará na história mas de outra forma. Chamam-lhe agora "Unworthy Thor" (“Thor indigno”, numa tradução livre) e, em vez do martelo, a personagem passa a ter um machado.

Tudo isto porque, segundo a Marvel, o público feminino tem sido ignorado pelas editoras de comics há bastante tempo. O título em que Thor passará a ser uma mulher será apenas o oitavo da Marvel em que o protagonista é do sexo feminino.

Contudo, outra mudança foi comunicada pela Marvel: o próprio Capitão América, passará a ser negro! Mas aqui, existirá uma história a explicar o que aconteceu (ignoramos ainda como será com Thor).

Assim, a Marvel informou que está na altura de haver um novo Capitão América. E isto porque Steve Rogers, que quando fardado é o Capitão América, está a perder as suas forças. E “se Steve Rogers já não consegue mais lançar o seu poderoso escudo, então tem de o passar a alguém que o consiga carregar no campo de batalha, acima das nuvens, para alturas maiores que nunca”, lê-se na notícia. O Capitão América passará então a ser Sam Wilson, também conhecido como Falcão. Esta personagem sempre foi um negro e por isso o que mudará na nova história é que será Falcão o Capitão América. Segundo a Marvel, a escolha é exactamente de Steve Rogers que ao perceber ter perdido a vitalidade de outros tempos decide entregar o seu alter-ego ao amigo e parceiro de luta.

Estas novas aventuras do Capitão América estão entregues à dupla Rick Remender e Stuart Immonen, que promete que esta será uma mudança “excitante” e cheia de novidades.

Mas ao que parece, as surpresas não vão ficar por aqui, ou não terminasse a notícia da mudança no Capitão América com uma promessa do editor Tom Brevoort: "não estamos nem próximos do fim". "A mudança é uma das palavras de ordem do Universo Marvel, por isso há ainda mais sensacionais surpresas para vir."

 


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1 comentário:

  1. Surpreendeu-me mais a notícia do Thor do que a do Capitão América. Quem se lembrar da Saga dos Quatro Capitães América sabe que já houve várias personagens a vestir o uniforme do Capitão, pelo que o novo será apenas o quinto.
    Quanto ao Thor, quem tenha acompanhado as suas histórias também sabe que já foram vários os seus alter-egos, que se transformam em Thor ao bater com o cajado no Chão. Na minha cabeça, independentemente do humano que usasse o cajado, ao transformar-se em Thor era sempre o mesmo Thor que surgia. Assim, supunha que uma mulher que usasse o cajado também se transformaria no Thor masculino. Aparentemente é essa a novidade: uma mulher dará origem a um Thor feminino.

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