quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

PORQUE FOI RETIRADO DO KUENTRO O POST SOBRE O “REGRESSO DE LOURO & SIMÕES”... + NOVOS TEXTOS E MAIS PRANCHAS DO PRIMEIRO ÁLBUM DE JIM DEL MONACO


PORQUE FOI RETIRADO DO KUENTRO O POST 
SOBRE O “REGRESSO DE LOURO & SIMÕES”... 

NOVOS TEXTOS E MAIS PRANCHAS DO PRIMEIRO ÁLBUM DE JIM DEL MONACO 

Como muita gente saberá, não costumo responder a ataques pessoais – mesmo os mais ofensivos. Contudo devo uma explicação aos leitores do Kuentro pela retirada do post com o texto O Regresso de Luís Louro, de Pedro Mota (republicado no Kuentro no passado dia 15 como BDpress – Recortes de Imprensa, embora verdadeiramente não fosse de Imprensa), originalmente publicado no blogue aCalopsia, de um qualquer Grunho (parece que Campos, ou coisa no género) de que não me recordo de conhecer, de todo.

As alarvidades que o editor daquele blogue veio a publicar no Facebook ofensivamente a meu respeito, por causa desse post republicado no Kuentro, com intenções de divulgação – assinalando a origem do texto e com o respectivo link para o original –, levou-me a retirar o referido post do Kuentro e apagar o seu link no Facebook. Há coisas assim, feitas com boas intenções, mas que por vezes não correm bem.

Mas aqui fica, o novo post com a notícia do regresso de Luís Louro e Tózé Simões, ou melhor, de Jim Del Monaco. Mais as pranchas das duas primeira histórias do primeiro álbum, editado pela Editorial Futura em 1985 (data do Depósito Legal) ou já em 1986 (data do Copyright).

Contudo devo voltar à definição do que é a rubrica BDpress, que parece fazer confusão a alguns grunhos bedéfilos deste País:

Em 2004, tendo percebido que era publicada na imprensa escrita muita matéria sobre BD, de que muita gente não tinha conhecimento nos meios bedéfilos, uma vez que são poucos os apreciadores da chamada “Nona Arte” que lêem a imprensa, resolvi fazer o fanzine (impresso em fotocópia) a que chamei BDpress – Recortes de Imprensa sobre BD – e que editei durante 15 meses. Nunca cobrei pelo BDpress impresso mais do que o preço das fotocópias! Embora tivesse que comprar todos os jornais em que saiam textos sobre BD, durante os meses em que fiz esse trabalho e depois montar os recortes nas 15 ou 20 páginas do fanzine. Quando iniciei a publicação do BDjornal em 2005, a edição do fanzine BDpress ainda coincidiu com os 3 primeiros números do BDj, mas resolvi, dada a sobrecarga de trabalho a que as duas actividades me obrigavam, continuar o BDpress no Kuentro (blogue que iniciei em 2003), sempre com a imagem do recorte da página, mas com muito menos recortes que na versão impressa. Actualmente existem mesmo vários amigos que me enviam recortes de imprensa sobre BD para esse fim.

As capas dos 15 fanzines BDpress...

Refiro também, que os recortes são digitalizados, seguindo-se o processo de cópia de texto em OCR, para que sejam mais legíveis e para eventuais correcções de erros que os escribas cometem por vezes. Os recortes nunca são colocados no Kuentro no próprio dia em que são publicados, mas nos dias subsquentes.

Devo referir, já agora, que o ex-jornalista do Público, Carlos Pessoa, autor de muitos dos textos de recortes que coloquei no BDpress – tanto na fase fanzinesca como no Kuentro – se referia a esta minha actividade como um verdadeiro “serviço público”.

O REGRESSO DE JIM DEL MONACO

 
Luís Louro e Tozé Simões - com 30 anos de intervalo...

Em 1985 surgiu um novo herói na banda desenhada portuguesa. Da autoria da dupla Tózé Simões (António Simões) argumento e desenho de Luís Louro, este herói fez a sua estreia nas páginas de um jornal, na secção Tablóide do "Sábado Popular", suplemento do desaparecido Diário Popular.

Jim Del Monaco, apresentava-se como um heróico aventureiro português, cujas aventuras se passavam em plena selva africana. Completando um quadro caricatural, fazia-se sempre acompanhar por um bela loira de nome Gina, a sua eterna apaixonada, e por Tião, o criado negro, ou melhor, a sombra negra de Jim.

As aventuras, divididas em curtas histórias recheadas de situações rocambolescas e de um humor delicioso, tiveram um rápido sucesso que levou a que fossem editadas em álbum. Entre 1986 e 1993, através das editoras Futura e depois da ASA, foram publicados um total de 11 álbuns, correspondentes a sete originais e quatro reedições.

Depois do afastamento de Tozé Simões, o Jim del Monaco desapareceu até que no inicio deste mês foi criada a página Jim del Monaco no Facebook (https://www.facebook.com/louroesimoes), em que mais de que partilhar o passado, se anuncia o futuro, e este passa aparentemente por um 8º álbum. Pelos menos é o que deixa entender a intercepção de uma mensagem de correio electrónico dos autores em que surge a foto de uma página da nova aventura. Anuncia-se assim um regresso em 2015.


#1 Jim del Monaco, Futura, 1986
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Lour

#2 Menatek Hara, Futura, 1987
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#3 O Dragão Vermelho, Futura, 1988
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#4 Em Busca das Minas de Salomão, Futura, 1989
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

Jim del Monaco - 2ª Série (capa dura, cores)

#1 A Criatura da Lagoa Negra, Edições ASA, 1991
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#2 Menatek Hara, Edições ASA, 1992 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#3 A Grande Ópera Sideral, Edições ASA, 1991
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#4 O Elixir do Amor, Edições ASA, 1992 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#5 O Dragão Vermelho, Edições ASA, 1992 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#6 Em Busca das Minas de Salomão, Edições ASA, 1993 (reedição)
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro

#7 Baja Áfrika, Edições ASA, 1993
Argumento: Tózé Simões - Desenho: Luís Louro
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JIM DEL MÓNACO

Carlos Pessoa 
Público, 18/12/2000

No princípio, e ainda a preto e branco, há as seis pranchas de "O 'souvenir'". É uma curta história que ocorre no regresso a África do europeu Jim del Mónaco, que se faz acompanhar pelo seu criado negro Tião e pela escultural Gina, uma loura um pouco fútil que não perde a menor oportunidade de se atirar ao explorador. Na melhor tradição colonial, o herói vai arbitrar um conflito de interesses entre a tribo dos bugalus e o antropólogo branco John Whitetorp, que se deixou enredar infantilmente num ritual de acasalamento com... o chefe tribal. Na fuga, o estudioso choca violentamente com Gina, e são ambos surpreendidos por Jim del Mónaco em contacto físico menos convencional. A beleza da jovem rapidamente faz empalidecer aos olhos do chefe africano a subtil aura de androginia que emanava do antropólogo. Assim fica resolvido o problema matricial da história sem praticamente qualquer intervenção do herói. Mas como uma desgraça nunca vem só, Gina torna-se o fruto da cobiça instintiva do africano, desígnio a que o nosso herói se opõe com determinação. A senda da guerra parece inevitável, mas Tião surge dos bastidores para propor a solução salvadora, sob a forma de uma boneca insuflável que ele trouxera como lembrança para um primo obscuro.Tudo acaba bem: o antropólogo salva a pele, o chefe tribal leva a mulher "ideal" - não fala, não chateia e pode fazer tudo com ela... - e Tião só tem que protestar a sua inocência perante as acusações de "taradice sexual" do seu "buana". Gina alimenta redobradas esperanças que Jim perceba que não há necessidade de introduzir bonecas insufláveis na sua vida enquanto ela estiver por perto. E quanto a Jim del Mónaco, portador de um conservadorismo ingénuo e infantil que terá oportunidade de manifestarem outras ocasiões, é o único a reagir com menos bonomia ao insólito desenlace da estória, desabafando de uma forma que não deixa margem de incerteza: "Vocês não passam todos de uns depravados, infraccionários da moral e dos bons costumes!". Deixando de lado o episódico atropelo linguístico do herói - infraccionários por infractores -, certamente imputável à perturbação irritada com que regressa ao acampamento com os companheiros a reboque, o que importa realçar é a maturidade gráfica desta primeira curta história da série, com a qual o desenhador Luís Louro e o argumentista Tozé Simões iniciam uma fecunda colaboração que durará quase uma década.Vistas em retrospectiva, as sucessivas histórias, que darão lugar à publicação de sete álbuns entre 1986 e 1994 (primeiro a preto e branco na Editorial Futura, e a partir de 1990 nas Edições ASA, a cores), permitem observar a rápida evolução gráfica de Louro. De um traço inicial anguloso e ainda "duro", o desenhador transita para uma expressão mais plástica e flexível, marcada pelos inequívocos sinais de uma riqueza de detalhes e de uma composição de personagens e cenários, ainda mal esboçados nos primeiros episódios. Depois, comprovar-se-á que os autores vão ganhando fôlego e confiança, atrevendo-se a ultrapassar a fronteira da história curta rumo a episódios mais longos e, por fim, a histórias de álbum inteiro, inclusivamente fora do "habitat" natural do herói (caso de "A grande ópera sideral"). Durante esses anos de colaboração estreita, em que Louro se firmou como um dos mais produtivos e representativos criadores dos anos 80 - Tozé Simões afastou-se irreversivelmente da BD quando terminou a colaboração com Louro -, a mesma dupla estará ocupada com outros projectos, e em especial a série realista e fantástica Roques & Folques. No entanto, é inquestionável que a imagem de marca dos dois autores está sobretudo ligada ao pendor satírico e humorístico de Jim del Mónaco, construindo com pinceladas breves paródias que não poupam sequer os próprios protagonistas, como se nem autores nem heróis levassem demasiado a sério os respectivos papéis.Todas as características já apontadas à obra permitem estabelecer uma identificação "portuguesa" para os personagens - nada explícita na construção de Louro e Simões -, que se manifesta pelos caminhos de uma ironia com "laivos de erotismo" (como sublinhou João Paiva Boléo) e um tudo nada brejeira, graças à qual a série obteve uma apreciável popularidade. Outras referências à BD, ao cinema e à literatura ajudam a compor um quadro coerente e substancial, pouco frequente no pequeno mundo dos quadradinhos portugueses. Tão substancial que levou o desenhador a encerrar, não se sabe se definitivamente, o desenvolvimento da série, para se aventurar em terrenos mais pessoais como autor integral das suas histórias, que dão pelo nome de "O Corvo", "Alice" ou "Coração de papel". Mas a verdade é que nada pode apagar o pequeno mundo que Louro e Simões inventaram juntos em Jim del Mónaco.
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